Hoje.

Hoje estava conversando com um amigo e concordamos em algo, tanto eu, quanto ele não gostamos de final de ano. Eu até me esforço pra isso, mas minha ansiedade me mata cada vez que vai chegando outubro, as vendas de artigos natalinos, novembro e as casas sendo enfeitadas, as árvores sendo montadas...

Talvez seja por algumas lembranças, algumas perdas definitivas de pessoas que faziam parte da minha vida, minha vó, por exemplo. Talvez por essa minha facilidade de acumular tantos sonhos, tantos desejos, tantas preocupações ao mesmo tempo e não aceitar o tempo de cada uma acontecer.

Este ano...Possivelmente passarei o natal e o ano novo dentro de um hospital fazendo companhia para o meu pai, que está internado desde o dia 18/10. Tão estranho vê-lo assim. Meu pai sempre foi tão forte, tão alto, tão vaidoso...Ele saia conosco e nos sentíamos tão seguras. O tempo passou e aos poucos fui vendo meu pai com os cabelos brancos, logo depois precisou começar a usar óculos, depois teve um problema com glaucoma e perdeu uma parte significativa da visão de um olho, depois ele precisou intensificar o cuidado com o problema de hipertensão, até que teve um trágico AVC hemorrágico e está lá, tão indefeso naquela cama, "tão frágil, frágil como folhas de outono" (letra de uma música que postei aqui no blog).

A vida passa, a vida é efêmera, a vida é como um vapor, e estamos no tempo, fazemos parte dele.

Diante de toda a ansiedade, e de um futuro que mais do que nunca me parece tão incerto, hoje ouvi uma música que desde que cheguei em São Paulo me chama a atenção, e sempre ouço em momento oportuno, tive a oportunidade de gravá-la, chama "O que Tu desejares" de Silmar Correia. O que posso dizer pra Deus agora é o que exatamente diz a letra da música:

"O que Tu desejares farei, onde Tu me mandares irei. Quero cumprir Tua vontade".

E hoje eu me senti plena. Esse sentimento pode passar e posso me sentir novamente "frágil como folhas de outono", mas hoje eu me senti como não me sentia há algum tempo.

E que venham os próximos dias, que eu não sei o que me espera, mas sigo.


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