O que realmente é.


Em aproximadamente novembro de 2011 eu vivi mais uma fase das grandes decisões da minha vida, o convite dos meus chefes de ir morar na casa das funcionárias aqui do UNASP-SP.

Pra mim, sempre muito independente (com o tempo descobri que não existe independência, mas interdependência, e dessa forma somos mais felizes), dona de mim, mesmo quando morava na casa dos meus pais, sempre com meu ponto de vista muito forte, questionadora desde criança, cuidadosa com o meu espaço, com as minhas coisas, vindo morar em São Paulo comecei morando sozinha, morar numa casa com um monte de mulheres que eu só conhecia de vista? Loucura!

Eu pensava somente nos pontos negativos e os mais fortes eram: bagunça e TPM em grupo. Como todas as decisões importantes da minha vida, demorei cerca de uns dois meses para decidir, e como todas as decisões importantes da minha vida, além de orar demais e pedir pra Deus sinais, também pedi conselhos para pessoas mais velhas, na época minha mãe Sara Santos e a Profa. Sonia. Engraçado que as duas falaram as mesmas coisass, parecia que tinham conversado antes, parecia que tinham combinado. Nas duas vezes que pedi conselhos, eu colocava minha opinião sobre o assunto torcendo para elas concordarem e dizerem que eu estava certa e portanto não precisava mudar para a casa, mas não foi o que aconteceu. Diziam: “Ótima oportunidade para conhecer gente nova”. “Ana, você não vai perder nada, somente ganhar”. Eu pensava na minha cabeça: “Ganhar cabelos brancos, só se for” (No fim eu ganhei, mas é coisa da idade mesmo). Ai, depois de ver que ninguém me apoiava, visitei a casa umas três vezes, conversei com pessoas que já haviam morado lá, as informações eram sempre tão positivas, eu não conseguia acreditar! Pronto, decidi! Lembro até hoje o dia da mudança, as primeiras impressões, os primeiros compartilhamentos de comida, os primeiros compartilhamentos de histórias, as primeiras visitas recebidas, os primeiros almoços de sábado!

Todas funcionárias, creio que todas exercemos algum tipo de liderança nos nossos setores, cada uma com sua formação, com sua história, com sua cultura, com seu jeito, com sua peculiaridade. Uma mais clássica, outra mais despojada, tem as choronas, as risonhas, as mais sérias, as esportistas, as sedentárias, as que odeiam cozinhar, as que amam cozinhar e acabam cozinhando nas grandes festas, óbvio, as demais ajudam! As que gostam das coisas muito organizadas e limpinhas, as que também gostam, mas não se preocupam tanto assim! Tem aquela que deixa seu ponto de vista bem claro e definido, tem a que prefere se calar. Nos abraçamos nos momentos de alegria, nos odiamos nos momentos de TPM! Às vezes esses momentos perduram por alguns bons dias! Vivemos desde “suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros. Col. 3:13”, até “...mas há um amigo mais chegado do que um irmão, Prov. 18:24.”

Na igreja também exercemos atividade, cantando nos corais, tocando, em outros Departamentos, somos menininhas bem dedicadas para os assuntos eclesiásticos e gostamos do que fazemos.

Dividimos nossas preocupações, nossos anseios, nossos estresses. Choramos juntas, sofremos juntas, oramos umas pelas outras, conversamos pelo facebook estando uma na frente da outra, damos risada da situação! Vemos “The voice” juntas, odiamos o funk constante do Capão Redondo, vamos ao shopping, ao centro, ao Culto da Mata (ainda não aderido por todas), fazemos compras, curtimos as coisas novas que uma de nós compra, a última compra acho que foi o óculos novo da Mari! Ficamos felizes quando uma começa a namorar, quando noiva, caso da Srta. Keisy! E ficamos tristes quando o contrário acontece! Cuidamos umas das outras quando ficamos doentes e respeitamos quando uma não quer falar e prefere ficar no seu quarto, chorando, lendo, pensando, apenas ali, no seu mundo!

Neste ano eu conheci o “dia do irmão”, nesse dia mandamos homenagens aos nossos irmãos de sangue. Quando chegamos em casa à noite lembro da Yohanna ter desejado feliz dia do irmão pra nós e ter completado assim: “Vivemos como irmãs.” Na hora todo mundo concordou, mas não querendo concordar, pois ninguém substitui nossos irmãos ou irmãs de sangue, mas no fundo a Yohanna tinha razão, vivemos como irmãs! Vivemos momentos de uma verdadeira família! Não diminuindo em nada nossos irmãos e irmãs de sangue, as minhas são extremamente especiais pra mim! Nunca vou esquecer do episódio do gato, nossa, hoje eu lembro e quase infarto de tanto rir. Naqueles dias por pouco não foi iniciada a terceira guerra mundial, e o gato, ou melhor, a gata, se foi...

Somos corajosas. Poucas pessoas teriam coragem de viver como nós, longe da família, dos amigos, morando com desconhecidas e literalmente nas mãos de Deus, porque para as pessoas que trabalham na obra (nomenclatura que usamos para as pessoas que trabalham nas Instituições Adventistas, uma ideia de obra do Senhor), cada final de semestre, cada final de ano, cada ligação de um Pastor ou Departamental (nemenclatura que usamos na obra para alguém que exerce cargo de “Gerência” para um setor específico, por exemplo, Educação) pode significar mais uma mudança e dependendo da personalidade da pessoa isso abala muito. Cada final de ano é alguém que sai, por motivos mil.
Eu estou feliz! Realmente valeu a pena toda a pesquisa feita antes da decisão, realmente não perdi nada, somente ganhei. Quanta coisa exercitei para o crescimento e fortalecimento do meu caráter. As experientes Dona Sara e Dona Sonia tinham razão!

Expressando o que sinto e que venham as mudanças...

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