Achados do tempo.

Há tempos eu queria escrever sobre o tempo. Esperando por um exame, comecei a ler algumas revistas e encontrei um texto excelente de Rodrigo Penha: "Achados do tempo". Segue...

"Envelhecer tem sido um achado. O medo de envelhecer, dizem, é de lascar, mas envelhecer, convenhamos, não é só a saída, é a melhor delas, pra fugir de tanta babaquice, pra entender o que é desapego, pra curtir, de fato, a vida, envelhecer ensina.

Sentimentos ganham medida. Ansiosos ganham refresco, filhos perdoam pais e pais perdoam filhos, de grave basta nossa memoria.

A pressa juvenil perde aquele tom estridente e vira urgência. Tudo faz sentido ou finalmente deixa de fazê-lo.

Dor e euforia se acomodam em seus lugares. E, muitas vezes, nos deixam em paz. Outras não. A vida refina o paladar e você descobre o sabor da água. O sabor do tempo. O valor de cada momento.

Envelhecer tem sido um achado, realmente.

Eu acho menos, espero menos, respiro mais e melhor e quado suspiro hoje guardo esse momento só para mim. A idade e o trilho, envelhecer e a viagem. E o amor...eta trem bão! E o coração, finalmente, ganha nossa atenção. Ternura será nosso castigo. Coragem, nosso espolio.

Vou amar o silêncio, aceitar o esquecimento, dormir depois do almoço, andar devagarinho, mas não sei o que farei com a partida daqueles que amo. Pois a única certeza que tenho na vida , além da morte, é esta: um amigo é o mais perto que chegaremos de Deus."

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