Rir, chorar, pensar...Somos artistas, ah somos...

Bom, alguns sabem o que nossa família tem passado com relação a internação da minha vovó e suas cirurgias e tals...foi tanta preocupação, tanto estresse, mas passou! Quer dizer, a vovó continua no hospital, o que mudou foi a maneira como estamos lidando com a situação...Mais confiantes, mais fortes e sabendo que Deus está conosco, paz, não tem preço!!
Esses dias estava navegando no advir.com.br e entrei no blog paicoruja.eu do Pastor Odailson Fonseca. Como já perceberam adoro blogs inteligentes e esse então é divertido!
Segue um txt extremamente inteligente, divertidíssimo, sensível e cristão...Isso mesmo, tudo junto e misturado!

“Somos amados não porque somos artistas, mas por sermos uma obra de arte!”

O que eu temia nos piores pesadelos aconteceu, e um tenebroso pavor virou minha companhia permanente. De tudo o que vivi até aqui – dos “micos homéricos” às surpresas inacreditáveis – nada se compara aos últimos dias. Minha filha, finalmente, descobriu que suas mãos gordas de seda podem segurar firmemente uma caneta e, com seus braços elétricos, estarrecer a paz da casa com seus surtos de desenhista. Socorro!

Gente, 72 horas atrás ela pegava uma canetinha e punha na boca com tampa, parecendo uma colher. De repente – acho que numa noite de Lua cheia – ela foi abduzida por uma força maior que a trouxe de volta completamente ensandecida pra rabiscar (kkkkkk). Tudo! E quando eu digo “tudo” é pior do que você pensa. Sua boneca mais cara – que dormia, suspirava e inflava a barriguinha – agora parece uma marginal barbuda dos circos de horror riscada de marrom da testa ao pescoço (mtos risos). Sua bola cor de rosa da Cinderela deformou-se num porco-punk-espinho horroroso e preto. Seus traços desordenados se espalham pelos cantos. Nossa coluna de gesso marfim ganhou retoques surreais até um metro e meio de altura, e as paredes da sala com tinta Suvinil “toque de seda” agora parecem celas de prisão com “toques de doido” (kkkkkkkkkkkkk) – como um manicômio grafitado por “artistas” puxando caixinhas de fósforos. E, como se não bastasse, meus documentos no escritório, que descansavam imortais na mesa (descansavam imortais!!! mto bom, kkkk), estão destroçados por uma chacina de tinta que metralhou mais riscos indecifráveis do que os importantes números dali. Posso desabafar? Nunca odiei tanto uma caneta Bic! Exorcizo todas as canetinhas do mundo! Por outro lado, nunca admirei tanto minha filha – uma artista precoce de talento tão inimaginável quanto incompreendido.

“Algeme seus pulsos! Camisa de força nela! Cole seus dedos com Super-bonder!”, você me ajudaria. Esbravejando, eu responderia: “tá doido, hein? Jamais! Ela é linda fazendo isso. Nem Da Vinci tinha tanto dom. É uma verdadeira Michelangela cuja obra de arte eu pagaria um bilhão de dólares no leilão dos pais-corujas!” Pois é, quem ama exageradamente perdoa ilogicamente. Meu amor inexplicável por ela supera em misericórdia qualquer apego a paredes e documentos importantes. E o pior? Ainda guardo estes vestígios como se fossem de uma coleção preciosa exibida na galeria de arte da Quinta Avenida em Nova Iorque. Estranho, né? O que a Lua cheia fez com ela, um bercinho na maternidade fez comigo (ué, e por que ao invés de Maternidade nos hospitais não deveriam chamar Paternidade?!). Sem dúvida o amor muda a gente de vez!

Fico imaginando nossos rabiscos aos olhos de Deus. Fazemos coisas tão ridículas quanto os borrões da minha filha. E Ele, por nos amar, simplesmente desconsidera. Lembra quando Jesus revelou Sua majestosa glória divina com Moisés e Elias lá no monte pros discípulos? O Céu baixou à Terra e, absortos em tamanha explosão de luz, o que os coitados terráqueos falaram?: “Mestre, a gente faz 3 barraquinhas pra vocês ficarem mais conosco?!”. Que patético! E Cristo ao ser preso, podendo ordenar um trilhão de anjos pra lhe defender, ver Pedro começando o mega-contra-ataque-bélico cortando uma orelha? Rabiscos! Lembra a “grande idéia” de André de servir 5 pães pra 10 mil esfomeados? Ou Pedro, novamente, sem ver à frente um milímetro de simbolismo, pedindo pra tomar um banho dos pés à cabeça no lava-pés? Desenhos infantis! E você, pensando em comprar Deus achando que o dízimo é moeda de troca pela simpatia divina? Ou lutando sozinho pra vencer um vício enquanto o resto da sua vida é mais contraditório ainda? Que tal o Salvador ver Seus filhos se penitenciando com 50 Avemarias como se Band-Aid curasse o tumor do pecado? Toda vez que imaginamos “desenhar” algo pra Deus fazemos meros traços esquálidos sem qualquer nexo. Não dá pra pintar a Mona Lisa com dedinhos mirins de tinta guache. E é impossível fazer qualquer coisa digna pelo Criador enquanto formos criaturas pecadoras tolamente infantis. Perante o Todo Poderoso, nossos sacrifícios são de papelão, nossos troféus de plástico e os arranha céus de Lego.


“Mas, pastor, como faço pra conquistar a Deus?”, pergunta o adulto segurando sua folha de cartolina com casinha e árvore pintada de lápis de cor. “Absolutamente nada!”, eu tenho que responder segurando o riso. “Porque nada poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:39). Ele nos ama e isso independe dos nossos rabiscos esdrúxulos. E quer mais garantia? “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15:5). Você já viu qualquer coisa de utilidade prática, ou admiração artística, feita de madeira de ramos de videira? Aposto meu blu-ray novo sujo de Hipoglós que não. Impossível! Madeira nobre faz piano, mesa de presidente, cadeira de sala chique e até chalés românticos em montanhas nevadas. Mas nunca, nem nada sequer, será feito de madeira de uva. E por quê? Porque ela só existe para transmitir nutrientes vitais aos frutos que encantam o mundo com seu suco apaixonante. Nossa única coisa a fazer é aceitar, dependendo em tudo, grudados nos braços do Pai. Cristo sabia disso e reforçou com voz de quem ama: somos amados não porque somos artistas, mas por sermos uma obra de arte. Absolutamente nada mais. Tinha pensado nisso? Não é maravilhoso? Deus nos ama não por fazermos, desenharmos ou mostrarmos – Ele nos ama porque nos fez e nos admira acima de tudo, a despeito da nossa vida rabiscada.

Enquanto seguro nas mãos um papel indecifrável, cheio de riscos desgovernados, não sai da minha mente a face pura e estonteantemente linda da minha filha. Meu amor por ela chega a doer. Sei que um dia ela vai desenhar casinhas melhores, ou até a Capela Sistina de Michelangelo. Mas isso não me importa agora. Ela é admirável não pelo que faz, mas porque nós a fizemos. Isso é tudo – e já basta.

Então, olho pra cima e vejo o mesmo: um Pai ali no Céu vendo meus tropeços com atitudes inconsequentes, mas me amando tanto com Sua paixão criadora quanto com Sua misericórdia redentora. E quem sabe, quando voltarmos pra Casa dEle, descobriremos surpresos uma parede memorável lá na Sua sala. Como quem se orgulha de uma coleção de valor inestimável, estarão cuidadosamente pendurados quadros artísticos de papel com molduras de ouro puro. Ali você verá desenhos amadores com rabiscos infantis e, ao perceber assustado quem é o próprio autor, o Pai lhe dará uma piscada travessa seguida de um abraço bem apertado pra lhe dizer apenas uma coisa:

“Meu filho, eu sempre fui e serei Seu maior admirador. Lembre-se disso. Amo você!”

Retirado de http://www.paicoruja.eu/?p=669

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